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sábado, 14 de março de 2015

Black Sabbath...discografia comentada com traduções

      Não quero contar aqui uma biografia do Black Sabbath...hoje em dia é só clicar no google que você encontrará vários matérias interessantes da banda como discografia técnica de especialistas, documentários, entrevistas com os integrantes e coisas do tipo!   
      O que eu quero deixar claro nesta postagem é que vou estar comentando coisas da época em que eu nem tinha nascido (nasci em 1977) e como vejo esse trabalho 45 anos depois sendo apenas um fã. Pobres operários que tocavam a troco de comida e bebida...subiram rápido no sucesso, ganharam alguma grana, perderam outras com empresários e gravadoras. Chegaram quase no fim e depois deram a volta por cima...tanto a carreira do Sabbath como a carreira solo do Ozzy...bom para o metal durante um tempo!   
       Entre uma resenha e outra vou colocar algumas traduções de músicas famosas que farão a gente pensar. Falso ou verdadeiro o que esta feito esta feito!    
      Ao adquirir o box-set com todos os Cd's do Sabbath de 1970-78, ou seja, toda a velha fase com o Ozzy Osbourne cheguei há algumas conclusões: A primeira delas 1.Seja qual banda for, é sempre bom começar ouvindo os cd's pela sequencia em que foram lançados. 2.Observar as evoluções tanto musicais como dos temas políticos da época (como a guerra do Vietnã). 3.A concorrência e as comparações com bandas da época. O próprio Ozzy admitiu anos depois que sempre se sentiu pressionado em relação ao Led Zeppelin e ao Deep Purple!
      A fase conturbada da banda no início que era rotulada de satanista acabou dando mais fama aos 4 garotos de Birmingham. Eles curtiam o tema do ocultismo mas não praticavam magia negra. Até os satanistas de verdade ficaram bravos com eles e tentaram até pega-los! Uma Igreja chegou a ser incendiada numa cidade onde eles fariam um show.   

          Todos já sabemos a história mas não tem como começar explicando que o guitarrista Tony Iommi perdeu a ponta de dois dedos trabalhando numa fábrica (emprego normal para o jovem da época, tipo ABC paulista). Com um adaptador e alguns ajustes nas cordas, Tony criou hiffs que soavam maléficos. A banda trocou rapidamente o nome de Earth (tradução Terra) para Black Sabbath...um filme de terror do cineasta italiano Mario Bava (tipo um Zé do Caixão dos anos 60). Eles pensaram: "Se as pessoas pagam para sentirem medo com filmes, porque não fazermos musicas aterrorizantes, sombrias e tal? Tudo isso aconteceu sem planejar e mudou a história da música. O Heavy Metal principalmente.
      Voltemos a lembrar, em 1970 quando foi lançado o primeiro disco do Black Sabbath, provavelmente eu seria um hippie ou algo do tipo revolucionário contra a ditadura e as guerras. Fatalmente seria fã de "The Doors", "The Who", "Alice Cooper"... Eu já estaria acostumado com o curto tempo dos discos (lado A + lado B não passava de 40 minutos). Diferentemente de hoje que o CD tem cerca de 80 minutos.
     

      Vamos começar com o primeiro Black Sabbath (1970). Ao ouvir a primeira faixa já ia ficar espantado com a abertura: Barulho de chuva, trovões, sinos tocando, uma bruxa na capa que ninguém sabia quem era. Frases do tipo: "O que é isso ali na minha frente?", "vultos de preto apontam para mim", "Oh não deus por favor me ajude". Sobre tudo isso um instrumental muito bem executado e com um vocalista que parecia meio disléxico. Na terceira faixa "N.I.B" mais polêmica nas letras: "Agora tenho você comigo sob meu poder", "Nosso amor se fortalece a cada hora", "Olhe em meus olhos e você vera quem eu sou", "Meu nome é Lúcifer, por favor segure minha mão". A Faixa "Wicked World" é uma crítica a guerra do Vietnã: "O Mundo hoje é um lugar tão mal", "Lutas acontecendo em meio a raça humana", "As pessoas dão votos de felicidade aos seus amigos", "Enquanto as pessoas estão do outro lado do mar contando os mortos". 



      O segundo disco Paranoid também conseguiu sair em 1970. O Curioso é que ele iria se chamar "War Pigs". Faltavam quase 3 minutos para completarem o álbum e compuseram "Paranoid" em 5 minutos! Ela talvez seja o maior clássico da banda, isso foi outra coisa que aconteceu na história sem planejar! Neste disco também esta a poderosa "Iron Man" recentemente resgatada ao maisntream graças ao filme "Homem de ferro". A faixa "Eletric Funeral" tenta mostrar uma visão do apocalipse ao som de uma marcha fúnebre. Nesta época o Black Sabbath já era procurado pela imprensa e até alguns vídeos foram produzidos para promovê-los. O que mais chamava a atenção além das letras era o som grave ditado por Tony Iommi em sua guitarra "improvisada".      Sem influência musical de ninguém. Nada era parecido com Black Sabbath. Ele foi o pioneiro na arte de fazer som pesado! Fora isso, a presença de palco de Ozzy, e as competências de Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria) completavam o time de sucesso de forma meteórica!
     


      Master of Reality (1971) já começa com um som de tosse de alguém fumando maconha, batizada carinhosamente por eles como "Erva doce".  Sabemos que a religião é um negócio complicado, e na Inglaterra (país de origem) se você não é católico é protestante e ser protestante é atirar o que for necessário no Papa e na Igreja tradicional. A segunda faixa deste disco "Sweet Leaf" é totalmente voltada a sua fé: "Deus é só um pensamento dentro da sua cabeça", "Cristo é só um nome que você leu num livro". Em "Children of the grave" a mensagem é o seguinte: "Então, vocês crianças do mundo", "Ouçam o que eu digo", "Se vocês querem um lugar melhor pra viver", "Espalhem as palavras hoje", "Mostre ao mundo que o amor, ainda está vivo, vocês devem ser bravos", "Ou vocês crianças de hoje serão as crianças do cemitério". Em "Lord of this World" eles vão mais além: "Seu mundo foi feito para você por alguém acima", "Mas você escolhe ser mau ao invés de amar, "Você me fez mestre do mundo onde existem", A alma eu tirei de você nem sequer você sentiu falta". 
    

      Volume 4 de 1972 deixou um pouco de lado o ocultismo e tratou de temas mais variados. Estranhamente a música que fez mais sucesso neste disco foi a balada "Changes" (que até minha mãe gosta). E de fato o Black Sabbath estava mudando, se tornando uma banda viciada cada vez mais em álcool e cocaína. A Música "Snowblind" tem "Cocaine" como refrão. As bandas da época não estavam mais falando só da guerra. Abriu-se um leque de possibilidades. Se tinha uma coisa que eles sabiam fazer era passar por cima de tudo, como um grande Godzilla. Imagine alguma banda aqui no Brasil "detomando" N.Sª Aparecida? Iriam sofrer críticas fervorosas o tempo todo ou seriam assassinados brutalmente. A verdade é que os caras falaram de política, religião e o público "aceitou". Quando você esta no topo acha que pode falar tudo, fazer tudo e consumir tudo. Uma frase que retrata bem esse ego é: "Supernaut": "Não tenho religião, não preciso de amigos", "Tenho tudo que quero e não preciso fingir, " Não tente me alcançar, porque eu arrancaria sua mente", " Eu vi o futuro e o deixei para trás".


       A música Sabbath Blood Sabbath do disco homônimo (1973) pra mim foi composta com raiva. Raiva não sei exatamente do que: das drogas, das brigas com gravadoras, das brigas entre eles mesmos, pois Tony estava querendo partir para outros horizontes. Percebo a palavra "mentira" aparecendo cada vez mais nas letras! Veja: "Ninguém nunca vai te deixar saber", "Quando você pergunta as razões, o por quê", "Eles apenas dizem que você está por sua conta", "Enchem sua cabeça de mentiras", Desgraçados!
      Parece que foi combinado assim: "Vamos fazer uma capa malvada, uma musica malvada e o resto do disco seguirá a tendência musical do momento". Um Hard Rock que não precisava ser tocado tão grave. Uma batera mais cadenciada e algumas doses de blues. Uma tentativa de se reinventar, colocando até alguns teclados e elementos eletrônicos em "Who are you". Não dava pra transformar o Sabbath no Pink Floyd...ainda bem...mas teve empresário que pensou nisso!
     



        1975, a fracassada guerra do Vietnã dava lugar a guerra fria (a bola de vez). O Hard Rock era o som do momento e o disco Sabotage não deixou a desejar. Acho que eles entenderam que dava pra ser um pouco de tudo, não precisavam levantar uma bandeira. Ou simplesmente trocaram a cocaína por LSD e ficaram mais em sintonia com sexo, drogas e rock n' roll. Em "Symptom the Universe" eles cantam: "Você é, todos aqueles meios amorosos", "Pegue minha mão e nós iremos cavalgando", "Pelos raios de sol lá de cima", "Nós encontraremos a felicidade, juntos nos céus de verão do amor". Alguém ai entendeu alguma coisa? Baita briza! E o que dizer da capa então? refletidos no espelho na mesma posição...essa foi criativa! Já na música "Am I going insane" eles insistem em dizer: "Então diga-me pessoal, eu estou ficando louco?", ...É o disco mais LDS da banda! Pura viagem!

      Em 1975 o Black Sabbath lançou sua primeira coletênea: "We sold our soul for rock n' roll". Não sei porque, mas senti neste disco um fechamento de uma fase. Estou ouvindo pela terceira vez seguida o disco "Technical Ecstasy" de 1976 pra te uma opinião formada sobre o disco e até agora não sei como defini-lo. O primeiro som "Back Srteet Kids" é o mais legal do play. Scorpions, Judas Priest, Rainbow e Rush estavam se lançando neste momento. Depois de alguns anos essas bandas se tornaram clássicas. Esse disco do Sabbath me passou essa impressão. Desde a capa estranha, eles estavam procurando uma nova direção, uma vez que as atenções estavam voltadas ao Punk e ao surgimento de centenas de bandas em Londres que estavam iniciando a  N.W.O.B.H.M. (nova onda ou novo momento do heavy metal britânico).  

      Eu compraria o "Never Say Die" de 1978 se não tivesse vindo no box. O "Techinical Ecstasy" não. Li a respeito que Ozzy só acordava pra gravar o disco e depois voltava para as drogas e álcool. É complicado dizer isso mais algumas pessoas funcionam melhor assim! O primeiro som deste play é justamente "Never say die" que diz o seguinte: "Eles têm sempre que se aborrecer?", "Você não quer saber o por quê?", "É uma parte de mim que conversa com você", "Oh, não, não desista", "Nunca, nunca, nunca mais desista". O grupo sempre gostou muito de compor na terceira pessoal do plural (eles), mas esta música parecia ser direcionada somente para o Ozzy. Outras duas músicas muito legais desse play são "Hard Road" e "Shock Wave". Desta vez, nada de muito polêmico nas letras nem de temas direcionados. O Black Sabbath se tornou uma banda comum, sem despertar sentimentos e transmitir mensagens importantes. Mais uma banda legal de Hard Rock com um cara dando muito trabalho, a ponto de ser expulso: Ozzy estava fora da maior banda de rock pesado dos anos 70. Seria o fim? 

O Black Sabbath após a saída de Ozzy

  
      Como eu citei no inicio do post, não quero eu ficar resenhando a história que todo mundo já sabe ou que é tão fácil de saber se entrar no google. A única coisa que posso dizer é que a escolha de Dio (ex-Rainbow) para o lugar de Ozzy foi perfeita. Tão perfeita ao ponto do disco "Heaven and Hell" de 1980 se tornar uns dos 10 melhores da história do metal de todos os tempos. Neste mesmo momento Ozzy formou uma banda solo e seu primeiro disco também foi um grande sucesso: "Blizzard of Ozz". Os anos seguintes foram melhores para Ozzy do que para o Black Sabbath. Ozzy ainda esta na ativa e lançou vários discos bons ao longo desses anos como: "Diary of Madman" (81), "Bark at the Moon" (83), "The Ultimate sin" (86). "No Rest for a Wicked" (88), "No More Tears" (91), "Ozzmosis" (95)...       
     

      Já o Sucesso do Sabbath ficou meio turbulento até hoje. Ozzy de vez em quando faz shows com eles e até gravaram um disco em 2013, "13" (Isso porque o CD foi lançado no dia 13/01 de 2013). Bem antes disso, o segundo disco com Dio "Mob Rules" (82) também agradou a crítica. Dio resolveu seguir seu próprio caminho solo em 83 e Tony chamou Ian Gillan (Deep Purple) para gravar "Born Again" (83), o último grande sucesso "de verdade" do Black Sabbath. Depois disso a banda tentou vários vocalistas e nunca tiveram uma carreira sólida. Os melhorzinhos foram "Eternal Idol" (87) e "Headless Cross" (89) com o vocalista Tony Martin. Dio foi chamado novamente para gravar mais um CD em 92 "Dehumanizer". Vale lembrar também que somente Tony Iommi participou de todos os discos do Black Sabbath. Geezer Butler e Bill Ward ficaram de fora varias vezes por problemas pessoais e por opção.
      Cansado de projetos fracassados, Tony se juntou com Dio mais uma vez, chamou  Gezzer Butler e Vinny Appice (baterista oficial do Dio) e formaram o Grupo "Heaven and Hell". Eles gravaram um ao vivo: "Live From Radio City Music Hall" em 2007 e em 2009 gravaram o último material de estúdio, o álbum: "The  Devil you know". Dio faleceu no dia 16/05/2010. Enquanto Tony Iommi for vivo o Black Sabbath de alguma formar renascerá como já fez várias vezes!        
              

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