É preciso separar a ação da arte quando se quer apreciar o que há de melhor no cinema francês. A compreensão das cenas é o que menos importa, é preciso degustar os movimentos, o silêncio e principalmente o áudio original.
Neste post vou falar especificamente do que observei nesta trilogia. É claro que há muito mais coisas filosóficas para se discutir além das cenas que vou citar. Vou começar pelo primeiro da série , o azul (Bleu) de 1993...sem dúvida o mais dramático! Para quem não compreendeu ainda os três filmes simbolizam as cores da bandeira da França. Não tem nada a ver com a história da bandeira, tem a ver sim com a visão do diretor polonês Krzystof Kieslowski, representando em histórias de vida: a Liberdade, a Igualdade e a fraternidade.

Um casal decide se separar em um tribunal francês. Por ser polonês "Karol" (Zbignew Zamachowski) e não compreender muito bem a língua, não houve um julgamento justo. Não confunda, karol, é nome de Homem na Europa. Ele praticamente mendigou pelas ruas da França pois seus bens foram bloqueados e favorecidos a sua esposa "Dominiqui" (Julie Delpy). Ela argumentou que ele era impotente sexual ...e realmente era! Tocando um pente como uma gaita conheceu um conterrâneo na plataforma do trem e planejaram voltar a Polônia. Karol não tinha dinheiro e foi escondido dentro da mala. Era tudo um plano para ser assaltado. Karol demorou mais chegou na casa que morou na Polônia e permaneceu por uns tempos lá com seu irmão no qual era cabelereiro. Ele se envolveu com a máfia e deu um golpe comprando um terreno a preço de banada e vendendo-o por 10 vezes mais. Ele não poderia ser morto pois os documentos dariam o terreno a casas de caridade. Dinheiro não era mais problema para para ele. Karol forja seu próprio funeral para atrair Dominiqui a Polônia. Sim, ela foi em seu "funeral" mas depois se apresenta a ela em seu quarto de hotel. Lá tiveram relação sexual como nunca! Karol chama a policia para acusar Dominiqui de ter ido a Polônia para matá-lo. Dominiqui ficou presa por suspeita de assassinato pois como não sabia falar polonês não foi compreendida. A igualdade é branca pois branco é igual em qualquer lugar, mas na França e na Polônia a justiça pendeu para o lado patriota. Este filme (Blanc) foi gravado na sequencia do primeiro. No final da terceira parte você entenderá se karol e Dominiqui terminaram juntos. Que fique claro a você se um dia for até a França: "Não tente falar inglês com eles, vá com um guia turístico e evite fazer mimicas." Ou você fala francês ou fica calado!
Uma coisa em comum nesta trilogia é que o diretor Krzystof Kieslowski se preocupou bem em encontrar as protagonistas. Difícil saber qual das 3 é a mais bela! A fraternidade do vermelho (filme de 1994) já está estampada logo no início do filme. "Valentine" (Irene Jacob) atropela uma cadela, cuida dela e a devolve ao dono. O senhor dono da cadela parece não se importar muito. Valentine não era feliz e pereceu que aquele homem misterioso também não era. Os dois começaram uma relação de amizade tímida. Seu passa tempo preferido era grampear os telefones dos vizinhos pois odiava a vida comum e a TV. Este homem era um ex-juiz e carregava muita culpa. Valentine não o denunciou mas a polícia acabou descobrindo o caso. O vermelho também se encaixa bem no filme, sua câmera capta momentos e lugares que parecem insignificantes. Outra característica é o mistério que torna um filme que parece comum mas que no final revela o valor da vida e do drama que cada rosto carrega. Preste atenção nos sobreviventes da balsa e conclua você mesmo até onde merecemos carregar culpa, viver em depressão , viver com medo, infeliz ou sob pressão. Krzystof Kieslowski (que morreu 2 anos depois) soube captar o espirito francês de um povo que sempre aparenta ser feliz mas que já passou por várias guerras e desafios...isso de sobreviver e dar a volta por cima nada como o próprio diretor que era polonês (o país que mais sofreu com a segunda guerra). O final é surpreendente e não espetacular caso você esteja muito acostumado com cinema hollywoodiano! Nada contra o cinema americano pois também sou um grande fã!
OBS: Krzystof Kieslowski também foi o diretor da série Dekalog. 10 filmes, cada um representando os 10 mandamentos. Pelo menos eu, assisti o primeiro de 1989 e gostei mas não encontrei o restante do box. Se alguém puder me ajudar...obrigado.
OBS: Krzystof Kieslowski também foi o diretor da série Dekalog. 10 filmes, cada um representando os 10 mandamentos. Pelo menos eu, assisti o primeiro de 1989 e gostei mas não encontrei o restante do box. Se alguém puder me ajudar...obrigado.
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