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domingo, 23 de dezembro de 2012

Memórias do Rádio

      Minha experiência com rádio começou quando eu ainda era criança nos anos 80. Aprendi a gostar de música e de acompanhar as jornadas esportivas dos grandes narradores do meu período. Neste post vou falar um pouco sobre a importância do rádio na minha vida. Tenho muito carinho por este grande amigo que me ensinou muita coisa, me mantém informado e que principalmente esteve comigo em muitos momentos inesquecíveis,  fazendo muita companhia nas horas mais solitárias.  
CHAMADA DE RÁDIOLA O MODELO SANYO 1980
      Nos anos 80, só tinha uma TV em casa, e quando meus  irmãos e eu não estávamos brigando por um canal, meu pai chegava em casa depois do trabalho no fim da tarde e resolvia o problema dominando a TV sem firulas, como todo bom "chefe de família" respeitado da época! Na esperança de ouvir alguma notícia boa para a classe operária, meu pai assistia os telejornais do dia. Eu era uma criança e não estava interessado nisso na época. Como eu não queria assistir o "Jornal Nacional" nem "Novela", nesta hora eu corria para meu quarto (dividido com mais dois irmãos) e ficava ouvindo música numa "Radiola" da Sanyo (foto acima). Nós todos gostávamos de rock, e o Guns n' Roses foi a primeira banda a estabelecer uma unanimidade entre nós, já que na TV e no futebol cada um tinha sua preferência. Até que finalmente em 1989 com dinheiro sofrido do meu pai compramos os discos "Appetite for Destruction" e o "Lies" (dois pelo preço de um e meio). Eram os primeiros discos de rock de uma série que só migrou para o CD por volta de 1995. Mas tudo isso sem abandonar o rádio, que ajudava muito a conhecer as bandas. Foi graças a ele, que compramos nosso primero disco.
GUNS N' ROSES
O PRIMEIRO DISCO
      Adolescente quer ter privacidade, e eu já não podia mais usar o "3 em 1" do meu pai a qualquer momento por causa dos gostos diferentes da família de 5 pessoas. Na época não gostava das músicas que meus pais ouviam, eu só queria saber de rock pesado! Mas hoje em dia respeito bastante o gosto musical dos dois e consigo ouvir junto com eles algumas coisas que na época era impossível. Foi minha mãe por exemplo que me ensinou a gostar de Raul Seixas (que hoje gosto tanto) e alguma coisa de samba de raiz. Já meu pai (pernambucano mais radical) me ensinou a admirar nomes de ícones da música brasileira como Luiz Gonzaga e muitos outros, principalmente "letristas" (como ele costuma falar) como "Trio Nordestino" e "Tião Carreiro e Pardinho". 
MOTORADIO ANTIGO

      Além de ouvir música também tinha os jogos de futebol e como único são paulino da família tive que apelar para o enorme "Motoradio' (foto ao lado) até alguns anos mais tarde quando meu pai pode comprar um rádio com fones de ouvido, o popular "WalkMan", o presente preferido de 4 em 5 adolecentes dos anos 80 e início dos 90. Nunca vou esquecer o Motoradio gigante...muito potente na hora dos gols...eu era um legítimo "torcedor de radinho"!!! Estava assim resolvido dois grandes problemas e iniciando uma grande relação com essa "caixa mágica falante" chamada rádio...que dura até hoje mesmo com tantos outros recursos eletônicos. 

Um pouco de história do rádio

     O rádio foi criado em várias etapas por vários "inventores" até se tornar o que mundialmente conhecemos do aparelho em seu formato. Isso mesmo, vários "pedaços" do rádio foram criados por pessoas diferentes em épocas diferentes. O alemão Daniel Ruhmkoff criou o Emissor de ondas, outro alemão Siemens criou o Dínamo, o russo Aleksandr Popov inventou a antena, o italiano Marconi  fez a primeira comunicação, enfim, eu considero o crédito a todos eles, mas quanto mais você pesquisa mais vai encontrar versões diferentes. Até Graham Beel (inventor do telefone) e Thomas Edison (inventor da lâmpada) tiveram participações fundamentais: no rádio Bell foi responsável pelo microfone e Thomas por registrar sons em cilindros. 
     No final do século XIX até 1922 o rádio era mais usado para transmitir comunicações entre localizações de tropas de guerra (foto acima). Com certeza, por ser mais antigo que a TV, o rádio marcou muitas pessoas que souberam através dele informações importantíssimas como a posse ou morte de um presidente, o início e o fim da segunda guerra e as transmissões dos jogos da Copa do Mundo de futebol. O rádio foi durante muito tempo o jornal de quem não podia comprar informação, a escola de quem não podia estudar, o entreternimento gratuito das massas. 
      O dia comemorativo ao rádio, 25 de setembro, ocorre pelo nascimento de Roquette Pinto, considerado o “Pai do Rádio Brasileiro”. Foi no ano de 1923, precisamente no dia 23 de abril, que nascia a Rádio "Sociedade do Rio de Janeiro", fundada pelo antropólogo Roquete Pinto e por Henry Morize, diretor do Observatório Astronômico. Históricamente, foram eles os precursores do rádio no Brasil. Edgar Roquette Pinto morreu aos 70 anos em 1954.


Rádio AM/FM e transmissões esportivas      

A KISS FM ESTA COMIGO
 HÁ 10 ANOS
      Até que eu pudesse finalmente trabalhar e comprar meus discos e fitas K7 ouvi muito as rádios FM de São Paulo. No início era qualquer uma mas depois fui me identificando mais com as rádios que tocavam "rock". Ouvi muito a Transamérica entre o final dos anos 80 e início dos 90, depois mudei para a 97 FM que na época era uma rádio só de rock, porém pegava muito mal na minha casa e nela fiquei até surgir a 89 FM, rádio que no início deu muito apoio ao Viper e ao Angra. Algumas rádios que não eram de rock tinham programas de rock dentro da programação como o "Grafite" e o "Doidera" da Nova FM, que não tinha nada a ver com a atual "Nova Brasil FM". 
A 89 ERA MUITO LEGAL NO INÍCIO
      A concorrência musical naquele tempo era muito boa. Muita banda de nome ainda estava em atividade. Era muito comum dar um "giro" pelas rádios e encontrar por exemplo um Ramones, tocando músicas de seu novo disco e na rádio ao lado uma sequência de bandas grunge, um lançamento na época que não tínhamos certeza que durariam pelo fato do rock estar na moda! O metal também tinha seu espaço e as estreias de Pantera, Orgasmatron na versão do Sepultura e Fear of the Dark tocavam pelo menos 5 vezes por dia nas rádios FMs. Para quem curtia algo mais cadenciado, bandas como REM, U2, Depeche Mode, eram encontradas diariamente nas rádios que se julgavam pop desde os anos 80. Hoje essas bandas levam o nome de rock e as rádios pops atuais são bem diferentes...e muito ruins!    
EU VI A RÁDIO CBN NASCER

      Por 10 anos a Kiss FM  esta sendo a minha preferida quando não estou afim de ouvir um CD. Só faz revezamento no meu estéreo com a rádio "CBN notícias" no qual vi nascer e recentemente completou 20 anos. A CBN também tinha uma parceria com a rádio globo de São Paulo e fazia transmissões dos jogos no mesmo horário, assim ficavam duas opções de jogos com os narradores da Globo.
OSMAR SANTOS

      Me lembro de um inesquecível São Paulo 3X0 Corinthians no Pacaembu em 1993 que foi transmitido por Osmar Santos e no Morumbi no mesmo horário estava acontecendo Palmeiras 3X1 Santos com Oscar Ulisses. As duas rádios parceiras abriram as duas narrações ao mesmo tempo sendo que cada um no seu estádio narrava um ataque até a bola sair e assim foram revezando. Nenhum gol das partidas deixou de ser narrado. A sintonia entre os irmãos era perfeita! Devido a um acidente de carro em 1994, Osmar Santos nunca mais voltou a narrar uma partida...uma pena! 
FIORI GIGLIOTTI
      Hoje em dia as transmissões das principais rádios esportivas são no FM mas não era assim antes, o AM dominava o rádio! Meu pai era um grande fã do Fiori Gigliotti que durante muito tempo foi da rádio Bandeirantes AM, hoje em dia a equipe de Esporte da Bandeirantes é forte no FM.
      Era muito comum, as rádios AM estarem presentes na companhia até das donas de casa. Quem tem mais de 30 ou 40 anos sabe como era comum as nossas mães fazerem os serviços doméstico na compahia de radialistas famosos como: Paulo Lopes, Paulo Barbosa, Eli Corrêa, Zé Béttio, Gil Gomes e vários outros.
     Eu tive minha experiência com uma "rádio pirata" em Mauá no ano de 2004. Eu tinha banstante CD de Rock/Metal na época (e ainda tenho) e fui convidado a fazer um set-list aos domingos a tarde. Fiz o programa que só tinha 1 hora de duração por 2 meses. Não me lembro o nome da rádio muito menos a sintonia, mas lembro que era divertido! Fiquei com medo de baixar alguma fiscalização e perder os CDs e por isso resolvi sair. É claro que não ganhava nada mas valeu muito a pena ter vivido essa experiência com algo que gosto tanto. Salve o rádio!!!